quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Elenco lança 'Tropa de Elite' em Berlim

O diretor José Padilha sacudiu nesta segunda-feira o Festival de Berlim com o filme Tropa de Elite, uma imersão na guerra das favelas a partir da perspectiva policial, onde se fundem a denúncia social e a identificação com agentes que combatem a violência com mais violência e alimentam a espiral de corrupção.

A produção chegou ao festival envolvida na polêmica de até que ponto o filme justifica a brutalidade policial na luta contra as facções de traficantes que controlam as favelas do Rio de Janeiro.

Tropa de Elite começa com os preparativos para a visita que o papa João Paulo II faria ao Rio de Janeiro em 1997, e a "operação limpeza" implementada devido à intenção do pontífice de ficar, durante sua estadia, na casa do cardeal-arcebispo, perto do Morro do Turano.

A câmera de Padilha se transforma na sombra dos oficiais encarregados da missão, que fazem parte do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) do Rio de Janeiro, e especificamente de três de seus personagens - o capitão Nascimento e os aspirantes Neto e Matias.

A partir desta perspectiva, narra tanto a batalha contra os grupos fortemente armados que controlam as favelas do estado como contra a própria corrupção policial. "No Brasil, temos uma Polícia corrupta, que mata e extorque e a qual o povo odeia", disse o diretor, deixando claro seu distanciamento em relação a uma corporação que entra nas comunidades sob o lema "atirar primeiro para perguntar depois".

"Só no Rio, em um ano, houve mais mortos por violência policial que na última Intifada", ressaltou. Mais dados: nos Estados Unidos cerca de 200 pessoas morrem por ano por causa da violência policial, enquanto no Rio o número sobe para 1,2 mil.

Isso não quer dizer, no entanto, "que as facções que controlam as favelas não sejam tão ou mais brutais, independentemente de que entendamos o porquê de essa violência se originar, e que dentro das favelas mesmo as ONG precisem pactuar com eles (os traficantes)".

É um círculo vicioso, disse Padilha, no qual a brutalidade dos grupos e a corrupção policial se alimentam mutuamente e no qual um idealista que deseje mudar a sociedade, como o aspirante Matias, se depare com um sistema que gera e multiplica violência.

Os propósitos de denúncia do diretor ficaram claros, mas não os resultados. Tropa de Elite é um filme que, antes de chegar às salas de cinema do Brasil, já havia sido visto por 11,5 milhões de brasileiros, devido a uma extraordinária disseminação de cópias piratas.

"É um fato sem precedentes, que prejudica a produção, mas que ilustra até que ponto havia sede por vê-la", disse o diretor. Padilha também é autor do documentário Ônibus 174, sobre a história real do seqüestro de um ônibus no Rio de Janeiro, contada de uma perspectiva diferente, procurando evidenciar o contexto que levou o jovem seqüestrador a cometer o crime.

De acordo com o cineasta, Tropa de Elite pretende, sobretudo, "convidar" à reflexão sobre esse círculo vicioso.

O resultado, no entanto, é um filme magistralmente filmado, com um certo pulso de documentário, que deixa no ar a sensação de que as ações dos agentes do BOPE se justificam, exaltando, algumas vezes, a violência policial.

A imersão de Padilha nas favelas foi dividida no festival com uma temática bem distinta: a feita por Doris Dörrie sobre uma família tipicamente alemã em Kirschblüten ¿ Hanami, primeiro representante da Alemanha na mostra.

Se Tropa de Elite deixa o espectador mergulhado por imagens e eventos, Dörrie faz com que o público entre em um mundo onde o tempo passa no ritmo em que as cerejeiras florescem.

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fonte: Terra



Elenco lança 'Tropa de Elite' em Berlim


Wagner Moura e Maria Ribeiro, que fazem parte do elenco de Tropa de Elite, chegaram a Berlim para fazer o lançamento do filme ao lado do diretor José Padilha. O sucesso de bilheterias estréia no tradicional festival da cidade nesta segunda-feira.

Ao desembarcar, os três se dirigiram à sala oficial do festival, no centro de Berlim, onde apresentaram o longa-metragem para jornalistas de diversos países e responderam perguntas que não só tinham relação com o trabalho na produção como também com a realidade social no Brasil.

Tropa de Elite concorre ao Urso de Ouro na mostra competitiva ao lado de filmes como Lake Tahoe, do mexicano Fernando Eimbcke, que foi elogiado durante sua exibição neste domingo. A primeira sessão da produção brasileira é no Berlinale Palast, sede do evento, às 16h.

No último final de semana, Tropa de Elite foi anunciado nos jornais internacionais como um novo Cidade de Deus. José Padilha chegou a ser citado pela Screen Magazine como o 'dono de um fenômeno cinematográfico'.

Além de Tropa de Elite, o Festival de Berlim exibe mais dois filmes da mostra competitiva ainda nesta segunda-feira: o alemão Kirschblüten ¿Hanami, de Doris Dörrie e o chinês Man Jeuk, de Johnnie To.

O anúncio dos prêmios oficiais acontece no próximo sábado, junto com uma cerimônia formal. Tropa de Elite discute a legalização das drogas por meio da história de um capitão do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) que busca um substituto para combater o tráfico nas favelas do Rio de Janeiro.


fonte: Terra




Critica se divide após sessão de 'Tropa de Elite' em Berlim

Estréia desta segunda-feira no Festival de Berlim, o filme Tropa de Elite dividiu a opinião da critica em uma sessão turbulenta, com atrasos na tradução simultânea feito para jornalistas que falavam inglês. Para a revista Variety, por exemplo, a produção é fascista por tentar promover a violência. A Screen Daily, porém, ressaltou que o filme é bem executado, energético e "assistível".

Na sessão internacional, a comparação com Cidade de Deus foi inevitável. Muitos críticos acusam a câmera de Padilha, que age rápida e persegue os personagens por toda a trama, de ser cópia da técnica já mostrado à exaustão no filme de Fernando Meirelles.

Apesar da comentada sessão, grande parte dos especialistas ainda não se manifestaram a respeito do filme. O que se sabe até o momento, é que na exibição para os jornalistas ninguém aplaudiu o longa-metragem, o que pode ter sido graças ao final da película, considerado "chocante" por muitos.

A sessão oficial, porém, recebeu Tropa de Elite com aplausos e gritos na exibição dos créditos.

Ao se reunir com os jornalistas na manhã desta segunda-feira, o diretor voltou a comentar a legalização das drogas, apontando-a como causa da violência nas favelas.

Tropa de Elite é um dos 21 filmes que concorrem ao Urso de Ouro em Berlim.


fonte: Terra


Um comentário:

Mirtes disse...

Não sei porque esses críticos estrangeiros se comportaram com inércia diante de um projeto espetacular que foi o filme TROPA DE ELITE, talvez por não conhecer a verdadeira realidade brasileira mostrada com brilhantismo pelo seu Diretor José Padilha e grandiosa atuação de Wagner Moura.

Mirtes Crespo - Recife-PE